João Roberto Gonçalves, professor da Faculdade de Odontologia de
Araraquara – UNESP, e Nathália Moraes, especialista em periodontia,
tiram todas as dúvidas sobre o tema, desde a indicação da cirurgia
ortognática até a recuperação.
O que é a cirurgia ortognática?
É a cirurgia feita para corrigir a posição inadequada dos maxilares
através de osteotomias (cortes programados nos ossos) e
reposicionamentos que são fixados com mini placas e mini parafusos de
titânio. Esse tratamento é realizado por uma equipe multidisciplinar,
como o cirurgião buco-maxilo-facial e o ortodontista.
Ela é indicada para quais casos?
Existem três principais indicações:
1- quando o maxilar inferior está excessivamente para frente ou para
trás do maxilar superior. 2- quando um dos maxilares tiveram crescimento
vertical excessivo (respiração bucal, sorriso com exposição excessiva
de gengiva e dificuldade de fechar os lábios)
3- em assimetrias faciais e apneias obstrutivas do sono/roncopatias.
Ela é apenas estética? Serve para queixo e gengiva?
A cirurgia ortognática tem resultado estético muito evidente, mas sua
principal indicação é funcional, como nos casos de apneias
obstrutivas/roncopatias e dificuldade de respiração nasal. Para quem tem
apenas o excesso de gengiva, com uma cirurgia simples no consultório já
é possível corrigir esse sorriso. O melhor é sempre procurar o
cirurgião-dentista afim de saber qual o melhor tratamento para o caso.
Como é a recuperação?
A recuperação é lenta com 2 a 3 semanas de afastamento das atividades
de rotina. O inchaço nas primeiras semanas é acentuado e é recomendado
fisioterapia ou fonoaudiologia por vários meses para o restabelecimento
completo. Devido a avanços significativos de técnicas e materiais
ocorrido nos últimos anos, os pacientes não apresentam dor acentuada e
já terminam a cirurgia podendo falar, tomar alimentação líquida, abrir e
fechar a boca. Deve-se fazer repouso e uma alimentação líquida e
pastosa nos primeiros 20 dias e, em mais ou menos 45 dias o paciente
poderá voltar com a alimentação normal.
É preciso usar aparelho antes da cirurgia?
Sim, o ideal é iniciar com o aparelho fixo para preparo da posição dos
dentes. Esta fase dura em média 12 meses. O aparelho é responsável pelo
alinhamento e nivelamento dentário e, consequentemente, para um melhor
encaixe da oclusão. O paciente é operado com o aparelho na boca, que é
removido de 6 a 12 meses após a cirurgia.
É possível ver o resultado virtualmente antes de se submeter à cirurgia?
Existem vários programas de imagem que permitem a visualização dos
resultados estéticos, embora haja limitações na reprodução virtual dos
tecidos moles. Entretanto, vale ressaltar que esse é um procedimento
cirúrgico que visa realinhar e ajustar malformações para obter assim uma
melhor função do sistema mastigatório que, em alguns casos, acaba
alterando a estética facial do paciente, mas isso não temos como prever
com tanta precisão.
Quanto tempo demora para ver o resultado final?
O resultado já é notado logo após a cirurgia, mas devido ao edema e
reabilitação muscular, o resultado final só é visualizado de 3 a 6 meses
após a cirurgia. A idade do paciente e condições sistêmicas individuais
influenciam bastante nestes prazos.
Que tipo de anestesia é usada?
É um procedimento cirúrgico realizado em um ambiente hospitalar sob
anestesia geral que tem a duração de algumas horas. Geralmente, o
paciente é admitido na internação no dia da cirurgia e recebe alta 1 a 2
dias depois do procedimento.